Não sei por qual motivo, mas toda vez que estou passando por um período de total e completa pressão artistica - e ai falo de prazos e mil coisas pra resolver, nada de inspiração, portanto -, me aparece na cabeça o rosto do Tarkovski. É muito estranho.
Por exemplo: cá estou eu, sendo obrigado a refletir sobre os vários problemas do maldito multimidia (que não termina nunca. Nunca.), num fluxo de pensamento cujas conclusões variam entre "fodeu", "me fodi", "tou fodido" e "agora fodeu", quando, no meio do mar de merda pastosa que me cobre até o pescoço, surge ela, a imagem. Em preto e branco. Nela, vejo o rosto do russo, com aquele bigode estranho e um cabelo mais bizarro ainda, olhando para o horizonte. Não é a foto clássica que o Pinkhassov tirou. É outra, que nunca vi ou achei na net. E o pior é que fica nisso. Não me vem nenhuma alegria, nenhum rompante de amor ao homem; muito menos penso nos filmes, nos planos de "Stalker", na alopração que é "O sacrifício"; só penso "hmm, Tarkovski". E ai pronto.
Volto para o mar de merda.
Tark diz: "Fodeu, camarada!"